Quem não se lembra de estudar poesia no secundário? Eu lembro-me e bem... admito que não era a minha matéria preferida. Sempre associei a poesia a alguma tristeza e desalento, levando a que nunca sentisse empatia para os ler.
Recordo-me de alguns poemas que, mesmo não me identificando com o conteúdo, ficaram na memória e, recentemente, tenho-os recordado a partir de um cenário ou de alguma situação específica.
Sem me aperceber, comecei a ver a poesia com outros olhos, olhos de quem, mesmo não se identificando por vezes com o conteúdo, consegue reconhecer a beleza da métrica e a musicalidade das palavras...
Gosto de poesia? Hum... acho que é um amor que começa a despertar em mim...
Sophia de Mello Breyner Andresen lembra-me o mar...
Deixo-vos um poema dela que, mesmo abordando a morte, transparece luz e vida!
Quando
Deixo-vos um poema dela que, mesmo abordando a morte, transparece luz e vida!
Quando
Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.
Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.
Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.
Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Dia do Mar'
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.
Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.
Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.
Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Dia do Mar'
AV49
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