janeiro 15, 2016

Uma gíria muito própria

A pedido de muitas famílias, pronto, de algumas pessoas, vá, de apenas 3, mas muito valorosas, decidi desvendar um pouco do mundo da gíria que se usa na minha terra, a Covilhã.

Tudo começou com a minha chegada à capital do país, Lisboa. Bastou começar a falar e percebi que o meu dialeto não era totalmente reconhecido pelos restantes... 

Falando de quando eramos pecarrichos (pequenos), quem não se lembra de que cor era o seu pitó, pergunto eu? O meu era laranja e o vosso? Ah, pois é, vocês cá usam outra palavra para o mesmo utensílio que serve para as crianças fazerem as suas necessidades, o penico! O que eu adorava andar às carrapichas,  pedia a qualquer um, não era esquisita, quanto mais alto fosse melhor. Espera, vocês chamam-lhe andar às cavalitas, não é? Pior do que as fotos em que aparecemos mal-enjorcados (mal-arranjados), são aquelas que as mães insistem em mostrar com orgulho em que aparecemos encarrapatos, os da Covilhã, os restantes estarão nus. Um bocadechinho constrangedor (escusam de me corrigir que na minha terra diz-se assim)... Para os momentos em que nos portavamos mal lá ia uma bolachada bem dada, vulgarmente conhecida por bofetada. Já não levarmos nas nalgas (nádegas) com o chanato era uma grande sorte... ups, sapato, com o sapato.

Se formos para a cozinha o problema continua, porque se falasse em utensílios como a malga (tigela), sertã (frigideira) ou o testo (tampa da panela) não havia quem me acudisse. Ou se fosse expurgar (descacar) batatas e aventar (deitar no lixo) as cascas, ninguém saberia o que tinha feito.

Descubro agora com grande alívio que a maior parte das palavras que me lembrava de usar e que quase ninguém reconhecia fazem parte do dialeto da minha terra natal. Para os mais curiosos podem visitar este site onde encontram mais gíria da Covilhã.




AV40

Sem comentários:

Enviar um comentário